sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Diálogo IV

– Eu sou um pássaro,
não mudo, emigro.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Diálogo III

– Se não somos pedra,
o que somos?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Igual às rosas

(Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher)

Teu amanhecer é orvalhado de ternura
e com toda a doçura que preparas o café
despertarás sonhos no mais incauto ser

Dos dias que nascem de ti
pedem um poema.

Dos que habitam em teu jardim
igual às rosas, arcanjos e serafins, esperam de ti
força para triunfar e adornar os caminhos.

Das tardes que descansam em ti
pedem um poema.

Tua força vem em se compadecer dos fracos
e erguendo os braços em um gesto sagrado
como quem protege seu legado

dos que te amam e adormecem em ti
pedem um poema.

Pede um poema a força com que vences
o amor que te envolve e transcende.
O milagre de uma rosa
como um poema ou prosa
que a mais bela flor irá eternizar.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

ALGUNS DE MEUS HAICAIS

Pombos na praça
comem poeira e migalhas
salvo as pipocas



Perfume das flores
suor e mãos calejadas
ofício do jardineiro

domingo, 14 de dezembro de 2008

CAULE

Com um gesto salutar
sacrifica a vida
ceifa o belo
e quebra o elo
que só na primavera dá

No ausente adorno?
a esperança do que somos
na busca de nossos sonhos
na estação que aí está

E ela carregada de sentido
cumpre com seu oficio
e em resposta ao sacrifício
o perfume que sempre irá ficar

És caule!
e em algum lugar
repousa uma flor
nas mãos da mulher amada
em vasos de porcelana trincada
ou em verso que um jovem poeta citou

És caule!
e em algum lugar
repousa uma flor
pendurada no peito, na lapela
em tela, cores da aquarela
nas mãos de um hábil pintor

És caule!
e em algum lugar
repousa uma flor
quem sabe, na próxima primavera
quem sabe, nas mãos de um novo amor

És caule!
e em algum lugar
repousa uma flor

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Recíproca

Entregaste a mão na mão do ébrio
contaste com o conto de tolas fadas
e agora carregas o fardo leve
tal qual o bronze à ferro e fogo

Sonhaste com dias ensolarados
mas à noite a de vim fecunda de tédio
construindo seu habitat em amargos versos

Linear ao vôo da borboleta
como desertas dunas de areias.
assim é o coração do poeta
que passa noites a contemplar estrelas
a espera da cadente solução

domingo, 14 de setembro de 2008

Em busca do sagrado

Saio em busca do belo
do que antes era verbo
fragmentos do caos e do amor
crisálida aparição

Saio em busca do grão de areia
do nascimento de um poema
do silêncio, de um fonema
mater inspiração

Saio em busca da poesia lírica
do verso, de um livro aberto
da subjetividade de um feto
diáfano criação

Saio em busca do sagrado
da sensibilidade dos santos
do cálice e do sangue derramado
eterno perdão