domingo, 14 de dezembro de 2008

CAULE

Com um gesto salutar
sacrifica a vida
ceifa o belo
e quebra o elo
que só na primavera dá

No ausente adorno?
a esperança do que somos
na busca de nossos sonhos
na estação que aí está

E ela carregada de sentido
cumpre com seu oficio
e em resposta ao sacrifício
o perfume que sempre irá ficar

És caule!
e em algum lugar
repousa uma flor
nas mãos da mulher amada
em vasos de porcelana trincada
ou em verso que um jovem poeta citou

És caule!
e em algum lugar
repousa uma flor
pendurada no peito, na lapela
em tela, cores da aquarela
nas mãos de um hábil pintor

És caule!
e em algum lugar
repousa uma flor
quem sabe, na próxima primavera
quem sabe, nas mãos de um novo amor

És caule!
e em algum lugar
repousa uma flor

2 comentários:

Elimacuxi disse...

sabe Rayder... eu sou caule. Minhas flores andam por aí, espalhadas nas mãos de damas e rapazes que nem sempre sabem que fazer com elas.Não importa. Fiquei feliz com esse poema para a parte mais sem graça, e às vezes cheia de espinhos, daquela planta que tenta, apesar de tudo, manter-se viva.
beijo!
elimacuxi

Pollyanna Furtado disse...

Gosto muito deste poema. Ele é muito belo e simples!